quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Samuel Dias


Sou o resultado de uma mãe que pediu um filho a Deus e chamou-me Samuel. A minha mãe, Jacinta da Conceição Lopes, é natural de Ferreira do Zêzere e o meu pai, João António Dias, de Sarzedas, Castelo Branco.

Estes dois jovens vieram cada um das suas terras, do Carril e do Salgueiral para a capital afim de receberem tratamento hospitalar, o meu pai porque partiu uma perna, a minha mãe por uma razão que desconheço. A ambos foi anunciada uma Boa Nova que transcendia a sua religião tradicional. Converteram-se na Assembleia de Deus na Neves Ferreira em Lisboa, foram batizados, conheceram-se, casaram e conceberam-me na Rua de São Lázaro, 66, em Lisboa, onde vivi até aos 3 anos de idade. Nasci em 23 de Maio de 1963 no hospital de São José.

O meu pai trabalhava na Câmara Municipal de Lisboa e a minha mãe fazia limpezas no Banco Nacional Ultramarino na Praça da Figueira. Lembro-me disso pois os funcionários do banco, certo dia, talvez pelos meus anos ou pelo Natal, ofereceram-me um triciclo com banco de madeira! Entretanto os meus pais entenderam regressar a Castelo Branco onde veio a nascer a minha irmã Lídia, que é 5 anos mais nova do que eu. A vida não lhes estava a correr bem e eu fui enviado para Lisboa para ser cuidado por duas senhoras que eram as donas do apartamento e onde os meus pais tinham antes alugado o quarto para viverem. Uma dessas senhoras era a irmã Bia, crente da Assembleia de Deus e proprietária da agência funerária Viúva Milheiro que se situava em frente deste prédio.

Um dia o meu pai apanhou do chão um jornal antigo na estação de serviço de automóveis onde trabalhava onde se anunciava a contratação de serventes para a Siderurgia Nacional em Paio Pires. O meu pai veio primeiro, conseguiu dinheiro para alugar um apartamento e o resto da família e os seus pertences a seguir. Finalmente consegui também entrar na escola primária em Paio Pires aos 8 anos pois em Castelo Branco não tinha conseguido vaga. Quando entrei na escola já sabia ler o jornal e conhecia a pauta musical.

Aos cinco anos idade tive um encontro pessoal com Cristo. (Sei que foi aos cinco anos de idade porque os meus pais disseram-mo mais tarde). Fui batizado aos 15 anos pelo pastor Durval Correia na Assembleia de Deus de Setúbal.

Envolvi-me na minha igreja local como músico, toquei guitarra, acordeão e orgão, fui lider de jovens e cheguei até a dirigir um coral. Esta última foi uma "partida" do Maestro Joel Melancia que no dia da festa de Natal não pode ir! 

Uma coleção de problemas existenciais e de relações sociais levaram-me a fugir para a Marinha em 1982 como voluntário. Em Vila Franca de Xira envolvi-me com os jovens da igreja local e um dia num retiro no Lar de Betel a minha vida mudou de novo completamente. Tive um desejo enorme de servir no Desafio Jovem mas a chegada do Pr. Lucas da Silva e a necessidade tão grande de assumir mais responsabilidades na Assembleia de Deus do Fogueteiro levaram-me a ficar por ali. Saí da Marinha em 1991 e fui consagrado a tempo inteiro ao ministério. Casei em 1992.

Em 1995 acumulei responsabilidades na Cruz Azul e este foi o tempo mais extenso na minha vida institucional a par de outras ocupações. Viajei para aprender, produzimos inúmeras publicações de prevenção primária de álcool e outras drogas, fiz programas de rádio, fiz palestras em escolas, traduzi e iniciei um programa cristão de grupos de auto ajuda e, eu e as várias direções da instituição com que trabalhei, sonhámos sem desistir para ter um espaço próprio para a instituição construir o seu próprio centro. 

Sem aviso, uma mudança repentina na liderança da Assembleia de Deus do Fogueteiro retirou-me a manta que dava maior cobertura à Cruz Azul. Em 2004 a Câmara Municipal dá luz verde ao pedido feito em 1999 para assumirmos um terreno com quase 18.000 m2. Condicionado pela falta de equipa local tive de escolher entre o desenvolvimento intelectual pessoal com os grupos de apoio e o melhoramento do espaço físico da Cruz Azul. Nesta encruzilhada, eu e direção, decidimos que a Cruz Azul teria um futuro melhor se segurássemos aquele espaço.

Por entender que não deveria estar sozinho reapareceu na minha vida o Pr. Gabriel Cabral que foi de uma chave preciosa. Esta ligação manteve-me durante anos no ministério cristão e oportunamente estendi também a minha ação à Igreja Conquistadores Para Cristo em Ponta Delgada, Açores.

De seguida, a tragédia do divórcio, com as suas causas e consequências, atingiu-me e mergulhou a minha vida num mar de incertezas. Durante uns anos naveguei sem direção e conscientemente vivi no caos da hipocrisia. Só algumas responsabilidades somadas e os que continuavam a acreditar numa parte de mim faziam com que me mantivesse numa margem mínima de segurança. 

Foi então que Deus me salvou pela terceira vez. Em 2011 fui buscar uma viatura ao Alentejo que era necessário enviar num contentor para Açores. Aproveitando o espaço interior fiz um apelo no Facebook se haveria alguém que pudesse oferecer roupas e outros bens para enviar para a ilha de São Miguel. A Susana estava entre a minha audiência e perguntou se também estaríamos interessados em livros escolares... ... ... ... (Posso contar-vos mais pessoalmente).

Casámos em 26 de Agosto de 2012, na Quinta do Perú, tendo o Pr. Paulo Branco da Assembleia de Deus de Almada realizado o casamento que nos atou de uma forma milagrosa. Nenhum deserto é agreste demais quando um milagre está no nosso destino.

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